domingo, 1 de julho de 2018

Atividade de Integração do PEAD.


No sábado dia 30 de junho de 2018, participamos da atividade de integração dos polos do PEAD, onde conhecemos espaços da FACED, principalmente a brinquedoteca, um espaço encantador, ainda participamos de rodas de conversa sobre o estágio, este sendo uma das últimas atividades do curso, fomos agraciadas pela palestra do Professor Fernando Becker, que nos trouxe mais esclarecimentos sobre a teoria de Piaget. Pra mim foi um momento de grandes aprendizagens, foi maravilhoso e encantador participar de todos os momentos, estamos nos encaminhando para a reta final do curso, que venha o estágio e o TCC, momento de integrar as aprendizagens com a prática pedagógica. desejo a todas as colegas de curso,sucesso nesta nova etapa.
Rumo ao próximo semestre.  

Vygotski, Piaget e Wallon


Dados pessoais:
Lev Semenovich  Vygotski (1896 - 1934), formou-se em direito e estudou literatura e história.
Jean Piaget (1896 - 1980), pesquisador e filósofo suíço, formou-se em ciências naturais.
Henri Wallon (1879 - 1962), pesquisador e professor francês, graduou-se em medicina e estudou psicologia e filosofia.

Suas teorias:
Vygotsky, nos traz a ideia que o desenvolvimento da estrutura cognitiva do indivíduo é um processo que se dá na interação com o meio social, na apropriação da experiência histórica e cultural.
Piaget, o desenvolvimento cognitivo se dá em estádios sequencias, que são eles: sensório-motor (0-02 anos), pré-operatório (2 - 7 anos), operatório concreto (7 - 11 anos) e operatório formal (11 - 15 anos ou mais).
Wallon, o desenvolvimento cognitivo e afetivo se dá em estágios de maneira descontínua, a partir do potencial genético, inerente a espécie e a fatores ambientais e sócio-culturais. Os estágios são: Impulsivo emocional, Sensório motor e projetivo, Personalismo, Categorial, Puberdade e adolescência.

Para eles o processo de aprendizagem:
Para Vigotski este processo ocorre dentro da Zona de desenvolvimento Proximal (ZDP), através da interação do sujeito com o seu meio, o professor tem o papel de mediar estes conhecimentos, para isto deve conhecer os conhecimentos prévios de seus alunos, encorajando os mesmos a assumir a responsabilidade sobre sua própria aprendizagem.
O desenvolvimento caminha do meio social para o individual.
Para Piaget, a aprendizagem está condicionada ao desenvolvimento cognitivo e afetivo aos seus estádios, cabe ao professor conhecer em qual estádio seu aluno encontra-se, a modo de despertar sua curiosidade, Piaget nos diz que para que o indivíduo aprenda é necessário que haja uma inquietação, um desiquilíbrio, em relação a um dado novo este deve fazer assimilações a modo de acomodar-se, modificando as estruturas mentais em relação ao que lhe foi apresentado.
O desenvolvimento parte do individual para o social.
Para Wallon, a aprendizagem se dá na relação da afetividade, engajamento e cognição. Humanista.
Não é adepto da ideia de que a criança cresce de maneira linear, a criança se desenvolve com seus conflitos. O pensamento infantil é fluído oscilando entre hipótese contraditórias e interferência mútua entre linguagem verbal e imagem.
O desenvolvimento é um processo descontinuo e social.

As principais semelhanças:
Os três são sócio-interacionistas, pensavam no indivíduo como um ser social, deram contribuições importantes para a educação através de suas teorias psicogenéticas, levaram em conta a base biológica do pensamento psicológico. 

As principais diferenças:
Piaget e Wallon, focaram suas análises sobre o desenvolvimento cognitivo e afetivo do nascimento a adolescência, Vygotsky pensou o desenvolvimento e a aprendizagem como algo que ocorre por toda a vida, desde o nascimento. 
Piaget privilegiava a maturação biológica como condição ao desenvolvimento cognitivo (aprendizagem), Vygotsky a interação social e Wallon a afetividade. 
Para Piaget o processo do pensamento é resultados dos esquemas, a linguagem é um resultado do desenvolvimento dos processos mentais. Vygotsky e Wallon  não só viam pensamento e linguagem como interdependentes e recíprocos,mas atribua grande importância a aquisição da linguagem,pois ela diretamente influenciava as funções posteriores.
  


Piaget e Vygotski, no processo de construção de conhecimento e aquisição da linguagem.


Apesar de Vygotski ser um estudioso das teorias de Piaget, apresenta semelhanças e diferenças frente a suas teorias, ambos são interacionistas e construtivistas, admitem que o conhecimento não é somente uma função mental, mas depende da interação pessoa-meio-objeto.
 As primeiras investigações de Piaget em relação ao pensamento e a linguagem tinham como objetivo descobrir como as novas interações se acomodam com as ações anteriores (reflexos e esquemas sensórios motores) e como atuam em fatores internos e externos de cada individuo.  Lev Vygotsky teorizava sobre o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio histórico, o homem inserido na sociedade e sua maior contribuição esta nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a aprendizagem em sociedade (desenvolvimento do pensamento e da linguagem).
            Segundo a teoria epistemológica de Piaget, o desenvolvimento do indivíduo acontece ao longo da vida por sobreposição de estágios modificando estruturas já existentes, desta forma também explica o pensamento e a aquisição da linguagem. Entre o zero e os dois anos, a criança esboça indícios de linguagem que elabora a partir das suas percepções e ações. A seguir inicia o processo de conscientização, nas ações o significado e nas percepções o significante.
            Para Vygotsky pensamento e linguagem, inicialmente independentes, passam a se desenvolver numa relação de interdependência por volta dos dois anos, onde o cognitivo e a fala se cruzam. A criança aprende o nome das coisas (fala racional) e o significado delas (pensamento verbal). Através da curiosidade vai aumentar seu vocabulário, portanto a criança protagoniza a sua aprendizagem, é o sujeito no processo de aquisição da linguagem de forma dialógica, pois é na interação com o meio que adquiri conhecimento.
                 Diferente da teoria de Piaget que acredita que uma aprendizagem se agrega na outra, Vygotsky considera o que a criança está aprendendo e não o que já aprendeu. A cultura se integra ao homem pela atividade cerebral estimulada pela interação entre indivíduos e mediada pela linguagem. O desenvolvimento cognitivo se dá através da interação com outros indivíduos e também com o meio que está inserido, para que ocorra a aprendizagem, esta deve acontecer dentro da zona de desenvolvimento próxima (ZDP), a relação de distância entre o real e o potencial como uma área existente entre o que o indivíduo já sabe (um conjunto de conhecimentos e comportamentos que a criança é capaz de produzir- conhecimento real) e o que o sujeito possui para aprender, capacidade de dominar novos conhecimentos (conhecimento potencial), este precisa de auxílio e o professor então age como mediador, nas interações interpessoais e na interação dos objetos de conhecimentos.
             Piaget acredita que a aquisição de conhecimento esta estreitamente ligada ao desenvolvimento que segue uma sequencia fixa de estágios com poucas influências externas. Considera a linguagem mais complexa que a comunicação e que acontece somente no final do período sensório-motor. Para Piaget as manifestações orais do bebe de choro e balbucio ainda não são consideradas como linguagem, já Vygotsky considera estas manifestações estágio do desenvolvimento da fala, pré-linguístico do pensamento e pré-intelectual da fala.
            Após os dois anos de idade, a criança passa a elaborar pré-conceitos. Neste período que Piaget chama de Pré-operatório, inicialmente a linguagem acontece por repetição e monólogos solitários ou coletivos, o que significa que não existe colaboração do sujeito com o outro. Mais tarde passa a existir colaboração tanto na ação quanto no pensamento, através de ordens, súplicas, ameaças, diálogos, disputas, ações a favor do "eu" e a partir do seu ponto de vista. O período Conceitual ou Operatório acontece a partir dos sete anos de idade, a criança elabora signos através de conceitos, é a linguagem socializada.
           De acordo com Piaget a aprendizagem depende do processo de desenvolvimento do indivíduo, da maturação explicada pela passagem dos estágios. Para Vygotsky, a aquisição da linguagem depende da interação do sujeito com o outro no espaço social.  As funções psicológicas superiores do homem desenvolvem-se na interação com o meio, modificadas pela linguagem e vice-versa, e que vai dar forma ao pensamento e ao caráter do indivíduo, possibilitando a ação, a imaginação, a memória, etc. Portanto, podemos considerar que aspectos da maturação biológica podem coexistir com aspectos da interação na aquisição da linguagem, pois os estudos nos mostram a enorme complexidade de cada uma das teorias, não podendo excluir nem adotar por completo somente uma delas.

Referencias:
MONTOUYA, Adrian Oscar Dongo. Pensamento e Linguagem: Percurso Piagetiano de Investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006
VIGOTSKI, Lev- Desenvolvimento da linguagem. Acesso em 29/04/18, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE
PPT – A concepção do desenvolvimento de Lev S. Vygotsky e sua influência no contexto escolar. Disponível no Moodle



Aquisição da linguagem.


              A partir do século XX,  os estudos da aquisição da linguagem estava baseado em uma visão teórica Behaviorista, onde a aprendizagem da linguagem se dava pela exposição ao meio em decorrência da imitação e do reforço, o defensor desta teoria o psicólogo SKINNER, nos traz a ideia de que o aprendizado se dá através de um processo denominado condicionamento operante, onde o indivíduo aprende através de estímulo-resposta-reforço-imitação/experiência, portanto, a aquisição da linguagem procede o desenvolvimento cognitivo. Os behavioristas tendem a enfatizar a influência do meio e ver a criança como um receptor passivo da linguagem, desprezando seu papel no processo de aprendizagem, ainda no modelo skinneriano, o indivíduo é visto como um ser único homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente.
               A teoria Inatista tendo como defensor, CHOMSKY é o criador do gerativismo, o primeiro linguista a revelar a complexidade do sistema, nos mostra em sua teoria de que a linguagem é inata, pois é vista como uma dotação genética do ser humano, o sujeito faz uso da sua competência linguística através de uma performance, também hereditária.
               A teoria Interacionista de VYGOTSKI considera que  aquisição da linguagem se dá através da interação com o ambiente que a criança está inserida, é um processo pessoal e ao mesmo tempo social. A linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança, entre pensamento e palavra existe uma inter-relação fundamental, em que a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento do caráter do indivíduo. Para Vygotski os balbucios e o choro da criança nos primeiros anos de vida são estágios do desenvolvimento da fala que não tem relação com a evolução do pensamento, sendo consideradas como manifestações do comportamento emocional, ressalta ainda que a descoberta mais importante da criança se dá por volta dos dois anos de idade, quando as curvas da evolução do pensamento e da fala se cruzam e unem-se para formar uma nova forma de comportamento, surgindo assim a fala racional ou pensamento verbal, neste período a criança percebe que cada coisa tem um nome, um signo ou um significado. Sendo assim a aquisição da linguagem e seu desenvolvimento possibilitam o avanço cognitivo.
                  A aquisição da fala sobre a visão de STERNBERG, nos traz que para a criança adquirir a linguagem envolve um dom natural, modificado pelo ambiente, desde o primeiro dia de vida, os bebês parecem estar programados para sintonizar com seu ambiente linguístico, com o objetivo específico de adquirir a linguagem.
                    Para concluir ao realizar o estudo sobre a aquisição da linguagem, conhecemos e identificamos estudiosos sobre o assunto, e pude entender que cada um teve uma visão, conforme o seu tempo e seus estudos frente a esta teoria importante para nós educadores, é fundamental entendermos como se dá a aquisição da linguagem no desenvolvimento dos indivíduos.

Referência:
SILVA, Samanta Demétrio . Aquisição da Linguagem. Webartigos, Porto Alegre, p. 01 - 12, 2010. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/aquisica-da-linguagem/43208. Acesso em: 01 jul. 2018.

Observação de prática da alfabetização na EJA.

 Numa das atividades propostas da Interdisciplina da EJA, no curso do PEAD - UFRGS- 2018, fomos convidadas a realizar uma observação de uma turma na educação de jovens e adultos.
      Optamos para observar uma turma de EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo. Esta está situada no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre, foi uma conquista da população no orçamento participativo  de 1992, iniciou suas atividades em 1995. Atualmente e escola atende os três turnos, Ensino Fundamental e a Educação de Jovens e Adultos, trabalhando com alunos de inclusão.
        Os alunos dividem a sala de aula com uma turma de alfabetização do diurno, então este espaço tem algumas atividades fixadas na parede da sala com por exemplo alfabeto entre outros. 
        A turma observada é composta por 22 alunos, este número é muito significativo para uma turma de EJA, e estes conforme o relato da professora, são alunos bem assíduos dificilmente faltam as aulas, a faixa etária que encontramos vai de 35 a 69 anos, com três alunos de inclusão sendo: um com esquizofrenia, duas deficiências cognitivas severas. 
       Para a professora Mara Denise Mattos, é uma experiência nova, pois foi convidada pelo diretor da escola a assumir esta turma de alfabetização neste ano, na conversa com a mesma nos transmitiu o encantamento de trabalhar com a EJA, e também observamos que a relação aluno/professor é baseado no afeto e na troca de diálogo, a professora Mara conhece a história de cada um de seus educandos, e demonstra muito conhecimento sobre a alfabetização destes jovens e adultos.  
        A avaliação é composta por um ditado e a escrita de uma redação, conforme o resultado da mesma estes avançam para a outra etapa, outra turma com uma nova professora, este processo nos mostra que a escrita do jovem e o adulto refere-se a mesma sequencia de aprendizagem da aquisição da escrita da criança.
        A modalidade EJA, tem como finalidade trazer estes alunos ao contexto escolar, a modo de motivá-los a ir em busca de seus objetivos aprendendo a ler e escrever, e a modificar sua realidade. 
             Em conversa com um destes alunos, nos relatou que queria aprender a ler e a escrever, pois tem o sonho de tirar carteira de motorista, para arrumar um emprego melhor e poder pegar a estrada com sua família.
              Conhecer este contexto escolar esta modalidade de ensino foi de grande valia, pois pude vivenciar na prática o que muitas vezes aprendemos na teoria, confesso que fiquei encantada com esta turma que conheci, a simplicidade e a integração deste grupo,me pareceu que além de ser uma turma que está em busca de aprendizagem, está também para trocar experiências, pude perceber que todos são muito amigos, trocam, conversam e um ajuda o outro, num espaço onde o diálogo prevalece. Encerro esta postagem com a citação de PASSOS (2016, p. 242). "Há um papel pedagógico e político nesse processo: troca de saberes, interlocução, compartilhamento solidário."
  



Referência:
PASSOS, Luís Augusto. Leitura de Mundo. Verbetes do Dicionário Paulo Freire. STRECK, Danilo R;  REDIN, Euclides, ZITKOSKI, Jaime José. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica Editora. 2016. 3ª edição.